Pub do Porrada

Um conto, dois contos, três contos...

aqui vão alguns dos meus escritos para você lerem e comentarem.

22 setembro, 2008

La casa de la culpa

― Pero... Sabrina...
La manera como lo miró hizo él parar con la insisténcia. Cristiano sabía que no sirvía de nada persistir, pues la novia no mudaría de opinión.
― Vá de una vez, Cristiano. – dijo ella. – Quiero verla.
Sabrina era la novia de Cristiano y a ella le gustaría buscar su amiga Julia. Pero aquel momento no podría y ya había prometido que iba a buscarla. Ya era noche y para Julia era peligroso salir sola por la calle. Las dos vivian cerca, pero no tan cerca. Entónces, estando el novio em su casa de pronto lo invitó a hacer el favor. Sin embargo no lo quiso acompañar por um dolor de cabeza.
Cristiano y Julia hasta mucho tiempo tenían problemas de relacionamento y estaban siempre pelando, no podrían mirarse. Sabrina creía que era celos por ser la mejor amiga de la otra, pero no sabriá de verdad.
Y la se fue el muchacho, enrabiado por hacer el favor.
Julia también no creyó que la amiga había hecho esto y cuando Cristiano llegó en su casa lo miró espantada sin saber lo que decir.
― ¿Qué quieres? – le preguntó ella.
― Sabrina...
― Sí, sí... ya lo imagino. ¡Ándale! – dijo ya cierrando la puerta de su casa.
Fueran los dos silenciosos por la calle. Pensavan uno en el otro, con rabia de la situación. Pero no tenían lo que hacer, faltaban pocas manzanas y era solo esperar.
El cielo no estaba contente aquella noche y de un momento a otro se quedó negro y empezó a llover. Primer flaquito, depuén más, y más, y más. Cristiano no pensó dos vezes antes de arrastrar Julia para dentro de una vieja casa de madera.
La casa parecía estar abandonada hasta muchos y muchos años y tenía un holor de madera podre, limo y tierra mojada de lluvia. Estaba mucho escuro en la casa porque las ventanas estaban cierradas. Solamente por la puerta, o donde debería haber una puerta, es que pasaba un poco de luz.
― ¡Era solo lo que me faltaba! – gritó Julia en medio al ruído de la lluvia.
― Era solo lo que faltaba a mí. – respondió Cristiano. – Quedarme preso a una casa vieja y abandonada con esta persona loca.
― ¿Loca? Tu que eres un loco. O mejor, loca es mi amiga que te tiene como novio. No podría escoger el peor.
Así se quedaron pelando y haciendo una discución que no tendría fin. Y la lluvia no terminaba. Ni el móbil funcionaba dentro de la casa.
― Sinceramente yo no tengo idea de como una chica tan buena como Sabrina fue noviar contigo. Creo que ni sabe besarla com ella merece. Ni es cariñoso lo suficiente. Eres um groserón.
― Pues yo que no comprendo como puedes decirme algo así, ya que tu nunca me has besado. - dijo él riéndose.
― Gracias a Dios que esto nunca ha acontecido. Debe ser horrible.
― Si no me besas nunca habrá de saber.
― Solo puedes ser loco, ¿no? ¿Qué está diciéndome?
Julia no tuvo tiempo de saber la respuesta, pues cuando pircibió los labios de Cristiano ya presionabam los suyos con gran intensidad. Ella tentava desvencillarse encuanto él tentaba segurala. Fue cuando puso su mano en el cuello de la chica por debajo de su pelo que ella se entregó totalmente al beso.
Pronto percibieran lo que estaban haciendo y despegaranse, locos de deseo y locos de verguenza por la situación.
Julia volvió corriendo para casa sin importarse com la lluvia. Cristiano esperó terminar la lluvia y volvió para su novia.
Sabrina nunca más habló con la amiga y poco la vió, y Cristiano nunca dijo nada sobre la vieja casa abandonada, porque la culpa lo dejava tonto y sentíase condenado por toda la vida.

02 julho, 2008

Uns olhos

Aqueles belos olhos brilhantes de uma cor que eu não saberia explicar sempre me fascinavam. Era verdes, ou talvez azuis. Não sei. E nunca saberei. Entretanto não interessa a mim saber. O importante era aquela maneira especial que os olhos de cor indefinida me olhavam. Tão serenos, tão gentis, tão apaixonados. Eram como mágica, sempre me fazendo sorrir. E como eu sorria. Sorria com uma felicidade tão grande que as vezes parecia não haver espaço dentro de mim para o tamanho infinito daquele sentimento.
E não era apenas isso. Aqueles olhos também conseguiam enxergar em mim muito mais do que eu sozinha conseguia ver. A facilidade que os olhos tiveram de perceber que quando eu não os olhava, baixando a cabeça, e começava a comer a ponta dos dedos era porque estava brava. Eu nunca dizia isso, mas os olhos sabiam. E me perguntavam o porque da minha raiva. Era só me olharem docemente e novamente eu estava entregue a paixão.
Os belos olhos apaixonados nunca vinham sozinhos. Estavam acompanhados por um par de lábios vermelhos bem delineados. Aqueles lábios também me fascinavam. E eu ficava por horas, se pudesse, os admirando, feliz da vida, nas fotos ou pessoalmente. E a intensidade com que olhos e lábios me puxavam para si num beijo, e que com ele eu podia perceber o que estavam sentindo, se estavam tristes, apaixonados, felizes, bravos ou simplesmente entediados.
As vezes eu não tinha o que falar. Porém nem precisava. Era só juntar os lábios com os meus e esperar sentir as fagulhas perto do estômago, aquela vontade louca de abraçar e apertar bem forte pra me sentir protegida. E eu sabia que os olhos estariam em qualquer lugar, a espreita, cuidando meus passos, me admirando. E como me admirava. As vezes eu tinha certeza de que aqueles olhos estavam me despindo. E os lábios acompanhavam-no com uma mordidinha e um sorriso de canto. Outras vezes me admirava com tanta vontade que eu pensava ser a pessoa mais perfeita do mundo, mesmo sabendo que não era.
Antes de conhecê-los, os olhos, eu não acreditaria em quem quer que me dissesse que eu poderia amar uns olhos. No entanto eu amei. Amei com toda a força, com todo o sentimento, com toda a beleza que jamais alguém pudera amar. E também fui amada. Tão amada quanto eles puderam me amar. Tão doce e puramente. Tão apaixonadamente.
Hoje conheci um novo par de olhos brilhantes, também sem cor definida. Os mesmo olhos serenos e gentis... talvez um dia apaixonados. Ainda era cedo para saber. Mas eu tinha certeza, aquele era o presente mais bem escolhido que eu pudera dar aos velhos olhos.

Marcadores:

25 junho, 2008

A xícara

A bela e antiga xícara de porcelana se encontrava paradinha na ponta da mesa, onde fora deixada por um dos moradores daquela casa na noite anterior. E aquela não era uma simples xícara, era uma obra rara do início do século e último ítem de um conjunto de xícaras, pires, pratos, dentre outros itens, os quais, depois de quase um século, já estavam bem longe, quebrados e inutilizados.
O conjunto havia sido presente de casamento dos ex-donos da casa e descendentes brasileiros mais remotos e os mesmos haviam ganhado de seus pais, da realeza portuguesa.
O ítem em questão era belíssimo, todo pintado à mão. Nele estava desenhado uma floresta verde com lindas flores rosas e azuis e um lindo coelhinho amarelo claro, que sorria docemente. A xícara não tinha nem um arranhão, nem um risquinho errado. Era perfeita.
E seria por muito tempo, mas fora deixada no canto da mesa. Provavelmente por engano. Ora! Que deixaria uma raridade dessas no xcantinho da mesa tão fácil de ser quebrada? Não sabemos e nunca saberemos, até porque nunca foi ninguém.
E continuando a história, la estava a pobre xícara, solitária. Todos passavam ao seu redor e não viam.
Quase caiu quando alguém passou rapidamente em direção à geladeira. Apenas deu uma leve balançadinha e voltou ao seu lugar. A pessoa voltou, dessa vez bem lentamente, mas passou longe.
Alguém mais apareceu e resolveu lavar a louça. Na hora de secar puxou o pano de prato seco que estava em cima da mesa. O mesmo roçou na alça da bela xicarazinha que balançou novamente. Graças a Deus foi rápido demais para derrubá-la.
Apareceu de repente uma criancinha que era mais baixa que a mesa. Ela tentou e tentou pegar um briquedo que estava perto da xícara... Acalmem-se! Alguem pegou o brinquedo e deu à criancinha. E nem sequer viu a antiguidade na mesa.
Abriram a porta da rua e saiu de lá um enorme Pastor Alemão, louco por brincar, cheio de energia, correndo pela cozinha, eufórico, alegre, fazendo a maior bagunça.
Foi o fim da bela e antiga xícara portuguesa do início do século.

22 abril, 2008

As meias

Eliziane já namorava Carlos Augusto há quase quatro meses. Desde o segundo mês mantinha relações sexuais com ele. No começo a transa era apenas boa. Não se podia dizer mais nada do que isso. Mas ela gostava de conversar. Gostava de falar com ele. E aos poucos foram perdendo o medo de dizerem o que pensavam. Ele dizia como gostava, ela fazia. Ela dizia o que não gostava, ele não fazia. E as coisas começaram a esquentar. E cada vez foi ficando melhor.
E cada vez que as coisas iam ficando melhores, mais Eliziane ficava apaixonada. Não parava de pensar no amado dia e noite, noite e dia, e esperar pelo final de semana era uma tortura. Sem contar que tendo apenas dezessete anos encontrar-se com ele era bastante complicado, e as vezes dava vontade em lugares inusitados. Muitas vezes os dois quase fizeram amor onde não deveriam. Sorte de todos é que a menina era tímida e não gostava que os outros ficasse reparando no que ela fazia ou deixava de fazer.
Mas Carlos Augusto insistia. E como insistia. Ele parecia querer compensar os anos perdidos. A primeira vez dele foi com ela. A primeira vez dela foi com ele. Isso facilitava as coisas. As dúvidas não os deixavam constrangidos.
Apesar de tudo as idéias normalmente vinham dela mesma. E quando menos o namorado esperava, quando já estava até pegando no sono, lá vinha ela provocando.
Certa vez estavam os dois sozinhos. Os pais haviam saído e a casa estava liberada. Saiu a blusa, o sutiã, a camiseta, uma calça, outra calça. Devagar a calcinha foi sendo tirada. Ele também tirou a cueca. Tudo foi como sempre. Depois de tudo o telefone começou a tocar. Era o despertador lembrando que estava acabado por aquele dia. Carlos levantou para desligar o celular totalmente nu. Eliziane percorreu os olhos pelas costas até chegar no chão. As meias. Ele estaria nu se não fosse as meias. Por que ele não as tirou? Aquela pergunta ficou ecoando na cabeça cheia de idéias de Eliziane.
Poderia ter sido apenas um lapso, mas não foi. Aquela idéia voltou na vez que se seguiu. Tirou toda a roupa mas continuou com as meias. Eliziane começou a sempre roçar os pés nos pés do namorado para senti-las. E lá estavam, como sempre, as meias.
A perturbação era tanta que o sexo já não lhe dava tanto prazer. Ela só pensava nas tais meias. Assim acabou a paixão e acabou o namoro. Ela nem deu explicações. E Carlos Augusto nunca entendeu o porquê.
Eliziane depois de um certo tempo trocou de namorado. Aquela era a primeira vez dos dois juntos. Estavam eufóricos. Tirou o vestido e ele a camiseta. Tirou a calcinha. Rapidamente ele tirou calça e cueca juntos. Tudo estava começando. Mas o pé de Eliziane roçou no pé do novo namorado, e lá estavam as meias novamente.
Só então ela percebeu que não adiantaria mudar de namorado. As meias sempre continuariam lá para atormentar sua vida.

15 abril, 2008

Psicólogo particular

Psiqué mal sabia
que ao fazer o que não devia
foi transformada de nome
ao que chamamos consciência.
E eu tampouco saberia
que de apenas um amiga
eu teria bem mais que pensamentos
eu teria uma ajudinha.
Pois é tão difícil falar
os sentimentos não saem por palavras
vão descendo pelos dedos
sem destino, meio loucos
caem pelo lápis e aparecem no papel.
Só ele tem ouvidos para me ouvir.
Só ele tem coisas para me dizer.
Talvez nem sempre eu o ouça,
mas quem dá bons conselhos?
Ouvir minha própria voz
já resolve os meus problemas.

(para Anderson)

ps: um beijo especial pro Giuliano, meu lindinho
vai que ele entre aqui e fique com ciúmes neh? uahshuashua
te amo

13 abril, 2008

pub do porrada

entrem no blog do meu amigo

Só podia ser ele...


Uma paradinha para o rei das cronicas-contos:
CRÔNICA DA LOUCURA

Luis Fernando VeríssimoO melhor da Terapia é ficar observando os seus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou. Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal. O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses. Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um 'consultório médico', como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos: Na última quarta-feira, estávamos: 1. Eu2. Um crioulinho muito bem vestido, 3. Um senhor de uns cinqüenta anos e 4. Uma velha gorda.Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados. (2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do 'Harmonia do Samba'? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala.. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina. (3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roia as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido. (4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse. Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a minha 'viagem' na sala de espera. Ele ri,... ri muito, o meu psicanalista, e diz: - O Ditinho é o nosso office-boy.- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades. - E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe... E você, não vai ter alta tão cedo!...'

11 abril, 2008

Tô indo...

Andem pernas andem que assim eu não vou conseguir por que é que eu tive essa idéia de colocar os sapatos mais desconfortáveis eu sei eu sei são lindos mas muito desconfortáveis graças a Deus não vou me atrasar que tá olhando nunca me viu claro que não... ou será que sim tem um lugar ali gostei da cara dessa aí ahhhh que alívio... essa pasta é só pra me incomodar quanto tempo será que leva até lá cinco e trinta e seis uns quinze minutos? ah tá né só porque eu me sentei agora paaaaaassa a janela é melhor mesmo ai como odeio essa vida e por que é que ele ainda não me ligou ele sempre liga nessa hora o que será que tá acontecendo mas não é possível isso será que ele não me ama mais ou o que será que ele tá fazendo agora que ainda não me ligou mas que coisa não eu to ficando mesmo muito idiota ai meu Deus que roupa horrível quem ela pensa que é pra ditar moda só pode fazer faculdade de publicidade ou coisa parecida ai amor liga logo eu to com saudade que saudade como eu posso sentir saudade se eu vi ele ontem to ficando mesmo muito boba fazer o que eu adoro essa casa muito linda porque é que demora tanto pra chegar nem é tão longe assim porque é que ele não liga logo cinco e quarenta credo o tempo parece que não passa mas bem que podia passar logo e eu chegar onde quero e o Cláudio podia ligar de uma vez eu adoro quando ele me liga mesmo que não tenha nada pra dizer Protásio Alves caramba eu acho que vou me atrasar eu bem que queria fazer patinação parece tão divertido e esse telefone hein acho que eu vou ter que guardar uma grana pra comprar um novo de repente nem tá funcionando e é porisso que ele não liga eu acho melhor eu dar um toque pro celular dele que daí ele vê que eu tô pensando nele né que lindo esse vestido acho que vou pegar essa idéia e vou dar pra vó fazer pra mim eu acho que verde ou talvez preto mesmo apesar de que eu não fico bem de preto ué sai o telefone ta funcionando porque é que ele não me ligou ainda? Cinco e quarenta e três só mais um pouquinho e eu já chego assim vou perder metade do negócio ninguém merece essa vida nem isso aqui que banco horrível eu já passei o dia todo sentada e ainda tenho que sentar nessa droga eu devia ter ficado de pé mesmo mas carregando essa pasta fica complicado porque as vezes eu meio que caio que nem a vez que eu quase machuquei aquela senhora coitadinha mas esses motorista nem sabem dirigir eu devia reclamar mas nem vale a pena eu tenho que combinar logo com o Cláudio pra gente vir ver um filme porque eu nunca fui no cinema com ele e sei la mas parece ser legal acho que esse aí vai pro mesmo lugar que tá escrito na mochila dele eu que não ia sair na rua com uma mochila da faculdade coisa mais brega eu nem sequer uso mochila falta pouquinho mas como tem sinaleira que merda assim eu vou demorar mais ainda desce logo ô gorda que mulher devagar assim eu vou me atrasar vamos logo eu bem que podia sair mais cedo amanhã não posso esquecer de pedir dinheiro pro pai senão amanhã eu não almoço caramba eu to precisando ganhar mais dinheiro bem que eu podia fazer mais alguma coisa pra ganhar dinheiro mas tá me faltando tempo né aahhh que beleza até que enfim tá na minha hora ainda bem que tem pouca gente pra descer há essa hora isso porque eu tô atrasada praquela porcaria quer dizer até que não é porcaria parece que vai ser interessante e eu ainda vou chegar atrasada e todo mundo vai ficar me olhando finalmente o ponto final a parada é essa e ele ainda não me ligou.

10 abril, 2008

Um fardo sem peso

A rua parecia deserta, e estava, não fosse uma única pessoa parada em frente ao portão de uma casa. Era um garoto de seus dezesseis anos e segurava um pequeno pacote embrulhado em papel pardo amassado. Seus olhos claros estavam bem abertos e assustados e seu corpo pequeno e muito magro parecia estar ficando cada vez menor, como se estivesse com medo. Com um gesto rápido, de repente pôs o capuz do casaco na cabeça escondendo seu rosto e deu uma olhada singela para os dois lados da rua. Foi a primeira vez que o garoto se mexeu em quinze minutos, e em nenhum momento deu sinal de que apertaria o interfone a sua frente.
Uma rajada de vento mais forte fê-lo olhar para o céu. O cinza claro estava se tornando escuro, sendo que logo a chuva cairia e ele teria de tomar uma decisão: ou voltava pra casa e acabava molhando o pacote, ou apertava logo o botão e fazia o que viera fazer.
Viu então de relance que na janela de um dos apartamentos, por trás das cortinas brancas semi-transparentes uma senhora o observava. Certamente teria ido fechá-la e dera com o garoto em frente ao portão. Logo chamaria a polícia para investigar o que ele estava fazendo ali por tanto tempo, pensava ele. Deveria também pensar que o pacote era uma bomba, ou um revólver escondido. Quanta imaginação pode ter um garoto dessa idade.
Tudo isso começou porque se atrasara nos exercícios de biologia, tendo então que ficar na sala de aula enquanto todos voltavam para suas casas a fim de almoçar. Logo que levantou da classe para sair, na ânsia de ir embora, acabou derrubando as folhas soltas que estavam dentro do caderno. Abaixou rápido para apanhá-las, uma por vez, com receio de sujar tudo, mas ao levantar a cabeça percebeu que havia um livro embaixo da mesa a frente, a mesa de Lílian. A mesma Lílian a qual guardava um amor platônico desde a quinta série. E a mesma que falara com ele apenas uma vez na vida, para pedir licença. No mesmo instante teve essa grande idéia de devolver o livro em mãos, por mais que a casa da garota não ficasse em seu caminho. Era a oportunidade perfeita para poder falar com ela, que talvez, por agradecimento, falasse mais do que um simples obrigado.
Não teve coragem o suficiente para atrapalhar chegando na hora do almoço, então esperou até de tarde para ir até lá. Ele poderia muito bem ter esperado até a próxima aula, como qualquer outra pessoa, entretanto, não vamos nos confundir: um apaixonado é um apaixonado, e isso não vai mudar. O amor sempre deixa as pessoas cegas, acreditando em si mais do que em tudo. E não sendo assim a história não aconteceria e é aí que está a questão.
Estava ele ali parado pensando que uma hora ou outra teria que finalmente apertar o interfone quando o esperado aconteceu. Eu digo esperado, mas não o esperado de vocês, leitores, mas o esperado do dia, o esperado do céu. O cinza escureceu totalmente e pequenos pingos de água começaram a cair lentamente, pouco a pouco pela calçada. Era tarde de mais para pensar, enfiou o pacote dentro do buraco do jornal e saiu correndo de volta pra casa antes que a chuva aumentasse. Lílian que ficasse imaginando quem deixara ali.
Nas primeiras duas quadras o garoto percebeu que a chuva estava aumentando progressivamente. Na terceira ele teve certeza. Os pequenos pingos engordaram e a água começou a escorrer pela calçada. Não demoraria muito para ficar encharcado. Nem pensou duas vezes, entrou no primeiro beco que encontrou, na esperança de ficar em baixo de alguma sacada. Não adiantou muito e o garoto ficou ensopado. Mas e o pacote? Lá foi ele de volta ao apartamento pega-lo antes que alguém se aventurasse no seu lugar.
No outro dia acordou um pouco mais cedo e fez tudo o que sempre fazia, tomou banho, escovou os dentes, tomou seu café da manhã com a irmã e os pais, depois saiu apressado, na esperança de passar perto do apartamento da colega para encontra-la sozinha e não ter que enfrentar os olhares curiosos dos colegas de escola. Mas que má sorte teve o nosso amiguinho apaixonado: sua escolhida também passara pela chuva, no entanto, ao contrário dele, havia pego um resfriado, obrigando-a a faltar aula.
A nova opção seria passar novamente no apartamento, assim aproveitaria para vê-la e mostrar o que sentia. E lá foi ele, todo arrumadinho entregar o pacote – que foi feito novamente, já que o outro havia se desmanchado com a chuva do dia anterior – para Lílian.
E não é que São Pedro estava de mau humor?
Pobre do nosso amiguinho... Mal teve tempo de jogar o pacote dentro da caixa de correspondência e já saiu correndo antes que a chuva aumentasse.

09 abril, 2008

Fome de matar
A vida estava mesmo difícil para Elzo Gilmar da Silveira. Apesar de ter um nome, numero de CPF e identidade não era considerado um cidadão comum como qualquer outro. Era chamado de mendigo. Entretanto não queria ser mendigo. Ele queria ter emprego, dinheiro, família, amor, comida, não morar em um cantinho qualquer, assim como tinha que fazer todos os dias. E naquela noite não seria diferente.
A noite estava tão linda.
A praia deveria estar maravilhosa... Ele ainda tinha esperanças, então gostava das coisas boas deste mundo. Juntou suas coisas e foi caminhar sozinho pela areia, enquanto pensava e olhava para as ondas ao longe.
No fundo Elzo tinha raiva de si mesmo por perder tudo que tinha e poderia ter bebendo. Hoje era chamado de louco pelas crianças na rua... e ele gostava tanto de crianças.
Sentou num canto, entre pedras e um monte de areia, além de muita sujeira. Já não se importava com a sujeira, era sujo. Estava la há algum tempo quando viu que um cachorro se aproximava lentamente, mas parou antes de chegar perto demais. Foi então que Elzo percebeu que havia um cachorro-quente quase inteiro dentro de um plástico no chão. Se tivesse visto antes poderia tê-lo comido de janta. Mas estava tão distraído. Aquilo o deixou louco de raiva. Seu sangue fervia. E o cão emanava uma alegria que Elzo gostaria de sentir.
Nem pensou duas vezes antes de abrir a mochila e tirar de lá um canivete. Matou-o com um só golpe, cortando seu pescoço. Nem sequer ouviu o gritinho de dor.
Não sentiu arrependimento, mas pensou que além de querer um emprego, dinheiro, família, amor, comida e casa, gostaria de ter um cãozinho como amigo.

01 abril, 2008


Casal

- Gostei de te conhecer...
- Eu também...
- To gostando muito de você...
- Te adoro...
- Te adoro...
- Não gosto muito disso...
- Nem eu disso...
- Tudo bem...
- Os opostos se atraem...
- Te amo mesmo assim...
- Também te amo...
- Te amo mesmo...
- Pra sempre...
- Quero que o nosso primeiro filho se chame Gustavo...
- Tudo bem, se você gosta...
- Te amo...
- Te amo...
- Isso nunca vai dar certo...
- Não temos muito em comum...
- Acho que não estou tão apaixonado...
- Desculpa...
- Eu estava confuso...
- Adoro estar com você...
- Te amo...
- Te amo...
- Eu também te amo...
- Te odeio...
- Isso é ridículo...
- Isso é o fim...
- Me perdoa?
- É claro...
- Eu te amo...
- Te amo...
- Te amo pra sempre...
- Te odeio...
- Te amo...
- Te odeio...
- Te amo...
- Te odeio...
- Te amo...



Larissa Pontes Hübner
 
Pub do Porrada